sexta-feira, 20 de dezembro de 2019

A abstinência

A abstinência me faz querer correr daqui

Ela é a ferida que sangra quando o corpo pede uma sensação que no momento não está

Eu me revolto e digo pra mim, pode chorar, eu não vou te dar o que você quer!

Digo isso até eu me distrair ou ter companhia pra sucumbir pelos desejos de outrem o que eu, somente eu, quero.

Quero morrer e nada mais importa se for pra viver o que vivo aqui dentro

A abstinência me faz querer correr daqui

Quero suportar, e se for pra morrer que eu morra então.

Mais radical é viver essa aflição. Não quero anestesiar. É isso que a sociedade quer de mim.

E o que a natureza quer de mim é que eu enfrente o meu carma, que eu não largue minha cruz

Ja é então, vagabundo, vou viver a intensidade da sobriedade

Espero que minha estrutura não rompa, que meu corpo não destroce e que minha mente não enlouqueça

Não vou usar nada, nem a bíblia, vou dar um jeito de coordenar esses pensamentos.

Esse texto é meu divã e esse blog é minha casa da árvore.

Vou viver de tanto morrer,

vou até as cinzas e vou renascer